(Rita)
Como tinha encurtecido a minha hora de almoço
para a Daniela poder estar mais tempo fora, hoje ia poder sair mais cedo…mas o
Caixa por aquelas horas era tudo menos movimentado.
Perdida no meio dos meus pensamentos deixei cair
a minha mão, ficando sobre a minha barriga…Ainda não tinha assimilado por
completo o facto que de dentro de 9 meses a minha vida mudará, mas até então
muito tem de ser feito. Contar aos miúdos, ao Ruben e no meio de muitas mais
coisas tenho de marcar uma consulta… Com esta ideia agora a matutar decidi que
devia marcar a primeira consulta antes de ser tarde de mais.
Estava a meio da chamada quando ouvi a voz da Daniela.
Daniela - Já voltei - assustei-me tanto que atirei com o telefone,
sem sequer desligar a chamada - Credo
mulher
Rita - Assustei-me - coloquei a mão no peito
Daniela - Não faz mal, mas
acaba lá a tua chamada - sentou-se ao
meu lado e ligou o ecrã do computador.
Rita - Ah…deixa estar, também
não era importante - peguei no
telemóvel, desliguei a chamada, sem sequer reparar se a secretária do doutor
ainda estava do outro lado
Durante a tarde não pude pegar mais no telemóvel
para esclarecer o que tinha acontecido por a chamada ter “caído”, mas ela
estava sempre por perto. Se ouvisse alguma coisa depois ia se por com perguntas.
E se eu nem ao Ruben contei não ia contar à Daniela.
Sai do trabalho e como hoje tinha sido o Ruben a
ir buscar os miúdos fui directamente para casa. Queria mesmo só tomar um banho
e poder descansar e depois de dar um beijinho em cada um dos meus anjinhos, avisei
o Ruben do que ia fazer e fui até ao meu quarto.
Rita - Então amor? - não esperava que viesse até ao quarto já que
lhe tinha avisado que ia tomar banho. - Vou
já tomar banho - ia já em direção da casa de banho.
Ruben - Nós precisam de
falar.
Rita - Falar amor? - parei perto da porta e olhei-o.
Ruben - Sim… acabei de
atender uma chamada do teu telemóvel, era do consultório lá do teu doutor - assim que ele disse aquilo foi quase como o
sangue parasse de correr, engoli em seco sem saber que lhe dizer - Rita eu
vou te fazer uma pergunta - aproximou-me
de mim. - Estás grávida?
Rita - Amor.. - interrompeu - me
Ruben - Sim ou não, Rita.
Responde se faz favor - baixei o olhar
Rita - Sim, estou!
Assim que terminei de falar ouvi-o suspirar e
afastou-se alguns metros
Ruben - Há quanto tempo é
que sabes? - olhei-o. - Se faz favor diz-me Rita
Rita - Há quase uma
semana
Ruben - Uma semana? E
nunca me disseste nada?
Rita - Eu queria que já
tivéssemos os miúdos no infantário e que já tivesse mentalizada quanto à esta
ideia toda do George
Ruben - Rita isto não é
desculpa, podias ou melhor devias ter contado!
Rita - Eu sei que és o
pai mas tens de compreender que não sabia que fazer
Ruben - Mas se viesses
falar comigo resolvíamos as coisas
Rita - Ruben a sério não
leves a mal amor
Ruben - Desculpa, mas vou
dar uma volta
Rita - Ruben fica - puxei-lhe
pelo o braço já quando ia em direção da porta - Já
te pedi desculpa e até já me habituei à ideia de termos um filho, ia contar
Ruben - Quando?! Pelo os
vistos não tinhas pressa em contar-me que ia
ser pai!
Rita - Ruben! - acabou por sair sem que pudesse dizer mais nada,
as lágrimas caíram logo depois de ouvir a porta a fechar. Ao chegar ao meu
quarto sentei-me sobre a cama, ter visto ele sair aqui de casa depois de ter
dito aquilo e daquela forma fez com que chorasse no meio de alguns soluços.
Simão - Mãe…. - ouvi a voz do meu pequenino e com toda
a pressa do mundo comecei a limpar as lágrimas.
Carolina - A
mãe tá bem?
Simão - Mãe,
o Ruben? - quando tinha o rosto limpo daquelas lágrimas olhei-
os.
Rita - O Ruben saiu, só
isto meus amores - fiz um grande esforço e lá sorri para
tentar disfarçar ao máximo esta situação
Simão - A
mãe teve a chorar?
Rita - A mãe tinha só
uma coisa no olho, agora vamos tomar banho
Carolina - A
mãe e o Ruben brigaram?
Rita - Vocês não tem
nada de se preocupar...
Peguei no Simão e entrelacei a minha mão na da
Carolina. Dei-lhes banho e levei-os para cama. É verdade que o fiz muito mais
cedo do que habitualmente faço, mas depois de me verem daquela maneira quando
disse que estava na hora de ir para a cama nem falaram uma palavra sobre o que
viram quando chegaram ao meu quarto.
Assim que eles dormiam serenamente levantei-me e
fui buscar o meu telemóvel. Telefonei para o Ruben imensas vezes mas nunca
atendeu e por isto acabei por telefonar ao Mauro.
Mauro - Rita?
Rita - Sim, sou eu, queria
te perguntar uma coisa.
Mauro - Diz, diz.
Rita - O Ruben está ai
contigo?
Mauro - Não, mas pensei
que estava contigo.
Rita - E não sabes por
onde possa andar?
Mauro - Não, não sei. Mas
está tudo bem com vocês?
Rita - Nós…nós tivemos a
falar e as coisas não correram muito bem, ele
disse que tinha de ir dar uma
volta e como ainda não chegou, nem atende as minhas chamadas.
Mauro - Eu vou telefonar-lhe
e depois digo-tee alguma coisa.
Rita - Está bem e
obrigada.
Mauro - De nada, até logo.
Rita - Adeus.
(Ruben)
Custa-me imenso a acreditar que a Rita já sabe há
uma semana que vamos ser pais e não disse nada. Até compreendo que não estava à
espera, porque é verdade, nenhum de nós alguma vez desejou ter um filho nos
próximos tempos e nem tínhamos falado em tal coisa mas daí a esconder-me tal
coisa…não compreendo.
Pode ter sido estúpido sair de casa daquela forma,
mas a sua atitude magoou-me imenso, depois
de termos formado a nossa família, comigo a viver lá em casa, os miúdos são já como
filhos para mim, apoiei-a com tudo isto da mudança deles, uma nova fase, a
entrarem no infantário e ela faz isto...
Precisava de um lugar para estar sozinha e por
isso fui até ao meu antigo apartamento que mesmo estando sem qualquer peça de
roupa minha, nem tinha nada no frigorífico, foi o único lugar que ocorreu-me em
pensamento.
Depois de muitas chamadas da Rita só atendi ao
ver que do outro “lado” estava o meu irmão.
Ruben - Sim? - falei assim que atendi o telemóvel.
Mauro - Tá tudo bem mano?
Ruben - Sim tá - menti mas
não estava com paciência para falar do que se
tinha passado.
Mauro - E onde estás?
Ruben - No meu antigo
apartamento…precisei vir buscar umas coisas.
Mauro - Olha achas que
posso ir ter contigo? - achei estranho
perguntar se podia vir cá a casa mas se dissesse que não ainda ia desconfiar de
alguma coisa, acabei por concorda e em pouco tempo chegou - Então
que estás para
aqui a fazer? - chegámos à sala e sentei-me no sofá.
Ruben - Vim só buscar
umas coisas - sentou-se ao meu lado.
Mauro - Já há muito tempo
que não vinhas aqui... - se achei
estranho vir
até aqui estar com esta
conversa só mostrava que sabia alguma coisa.
Ruben - Pois mas hoje
decidi vir.
Mauro - E está tudo bem
lá em casa?
Ruben - Oh mano mas sabes
alguma coisa?
Mauro - Primeiro vais ter
calma que não vim aqui para te atirar nada à cara, mas a Rita telefonou-me...
Ruben - A Rita o quê? - sabia como era e por ter saído daquela maneira
de casa podia ter ficado em baixo mas não esperei que telefonasse ao Mauro.
Mauro - Ela está mesmo
preocupada, disse-me só que vocês tinha estado a falar e que tinhas saído, que
telefonou diversas vezes para ti e nada, se não quiseres falar é na boa mas
espero que saibas que está mesmo preocupada.
Ruben - Eu posso te
contar assim como assim vais acabar por saber... a Rita está grávida.
Mauro - A Rita tá
grávida?
Ruben - Sim grávida, descobriu
isto há uma semana e só hoje é que soube que ia ser pai e nem foi por ela, mas sem
por ter atendido a porcaria de um telefonema do médico dela.
Mauro - Mas ela deve ter
uma razão para não te contar mano.
Ruben - Disse-me que
queria ter os miúdos já no infantário e ter já umas cenas resolvidos com o pai
biológico dos miúdos o George… mas porra eu sou o pai.
Mauro - Se vocês tinham muita
coisa a acontecer ela pode ter ficado com medo da tua reacção
Ruben - Mesmo assim e até
compreendo que nós não planeamos ter este bebé, mas não é razão para esconder
que vou ser pai, somos uma família e não é certo esconder de mim algo tão
importante como isto.
Mauro - Mano tens toda a
razão, mas não é a fugir da situação que vocês vão resolver as coisas, afinal vão
ser pais.
Ruben - Não fugi de nada,
só precisava de um tempo livre para por as ideias em ordem.
Mauro - Ruben até consigo
compreender o que estás a sentir mas a Rita está grávida e da maneira que
estava quando telefonou o melhor que tens a fazer é ires até casa para
resolverem as coisas entre vocês, não a deixes sozinha e ainda por cima
nervosa...
Ruben - Não sei
Mauro - Já te dei a minha
opinião, ela estava preocupada, agora é contigo! - olhei-o - Mas
não te esqueças que há os miúdos... Ruben não quer dizer que chegues a casa e
seja ligo um mar de rosas mas acho que não deves deixar a Rita nervosa, afinal
falamos do teu filho!
Ruben - Ela é que pediu
para saberes onde estava?
Mauro - Não eu é que
disse que te ia telefonar.
Ruben - Hum...
Mauro - Vou ter de ir
andando porque tenho cenas combinadas, mas vê lá se fazes o que é mais certo - levantou-se
e fiz o mesmo, já que o ia acompanhar até à porta - E já
agora parabéns - sorriu.
Ruben - Obrigado - sorri e acabei por agradecer também por ter
vindo até aqui.
Voltei para a sala com as palavras que o Mauro falou
na minha mente... sem saber o que deveria fazer.
Deixem as vossas opiniões meninas :)
Beijinhos
Rita
Oh rapaz vai la de uma vez que eu quero ler essa conversa!
ResponderExcluirRitinha, adorei e podia ter sido um bocadito maior porque me deixaste curiosa!!!
Venha o proximo!
beso
Ana Santos